Hoje, vou contar a origem e a história do Ford Corcel, um carro que marcou uma época no Brasil e tem uma surpreendente ligação com a França. Você sabia que o Corcel foi inspirado em um modelo francês chamado Renault 12? E que foi eleito três vezes o carro do ano pela revista Autoesporte? E foi o primeiro carro nacional a ter um vaso de expansão no sistema de arrefecimento? Essas e outras curiosidades serão reveladas neste post, portanto continue conosco até o final.
O Ford Corcel nasceu em 1968, resultado da parceria entre a Willys Overland do Brasil e a Renault. A Willys tinha um contrato com a marca francesa para produzir alguns de seus modelos europeus no Brasil e iniciou o projeto de um carro médio para os mercados europeu e sul-americano. Esse projeto, chamado de Projeto M no Brasil, foi conhecido na Europa como Renault 12. O carro estava programado para ser lançado pela Willys no final de 1968.
No entanto, ocorreu uma reviravolta: a Ford adquiriu o controle acionário da Willys Overland America e, consequentemente, da Willys do Brasil. A Ford assumiu o Projeto M, dando-lhe a personalidade característica da marca, incluindo características de motor, comportamento de suspensão e direção, além do conforto e silêncio ao rodar típicos da marca. O Projeto M passou a ser chamado de Ford Corcel, fazendo referência ao cavalo selvagem do logotipo da Ford e inspirado no sucesso mundial da marca, o Mustang.
O Ford Corcel foi inicialmente lançado como um sedã de quatro portas, equipado com um moderno e econômico motor 1.3 de 68 cv e 10,4 kgfm de torque, que trabalhava em conjunto com um câmbio manual de quatro marchas. O espaço interno e o acabamento chamavam a atenção, e o Corcel introduziu uma inovação mecânica: foi o primeiro carro nacional a incluir um vaso de expansão no sistema de arrefecimento, uma novidade que eliminava a necessidade de adicionar água ao radiador diariamente.
Em 1969, a Ford lançou a versão coupé do Corcel, chamada de GT. Essa versão tinha um visual mais esportivo, com teto revestido em vinil e faixas no capô e nas laterais. O motor era o mesmo 1.3, mas com um carburador Solex de corpo duplo e novos coletores de admissão e escape, elevando a potência para 80 cv. A aceleração e a velocidade máxima aumentaram um pouco: o Corcel GT ia de 0 a 100 km/h em 18 segundos, com velocidade máxima de 138 km/h.
Em 1973, o Corcel passou por uma reestilização, adotando algumas semelhanças com o Ford Maverick. Os motores passaram a ser os 1.4 utilizados na linha GT, conhecidos como motores XP. Em 1975, o design foi novamente atualizado, aumentando a semelhança com o Maverick, principalmente na traseira. Uma nova variante foi adicionada à família: o LDO, com acabamento interno luxuoso e teto revestido de vinil.
Até 1977, o modelo continuou recebendo melhorias no acabamento, mantendo a mesma aparência. No entanto, em 1978, ocorreu uma mudança significativa com o lançamento do Corcel II, que, embora compartilhasse a mesma mecânica, apresentava uma carroceria totalmente redesenhada, não lembrando em nada o modelo anterior. O Corcel II possuía um estilo mais moderno e aerodinâmico, com linhas retas e faróis quadrados. Em 1979, ele foi eleito o carro do ano pela revista Autoesporte.
O Corcel II teve algumas versões especiais, como a Hobby, a Plus e a LDO II. Em 1985, ele adotou a frente do Del Rey e recebeu alguns ajustes estilísticos, além de perder o “II” do nome. Esse modelo permaneceu em produção até 1986, quando sua fabricação foi encerrada.
O Ford Corcel marcou a história da indústria automobilística brasileira, com mais de um milhão de unidades produzidas ao longo de 18 anos. Ele conquistou os consumidores ao combinar economia e conforto, inovação e tradição, esportividade e elegância.