O mundo automotivo é cheio de histórias interessantes, e algumas delas envolvem mudanças de paternidade. É isso mesmo: carros que foram projetados e desenvolvidos por uma marca, mas lançados sob o emblema de outra.
Neste post, vamos explorar 5 dos casos mais emblemáticos de mudanças de paternidade na História automotiva.
Ford Corcel
A Willys do Brasil foi a responsável por desenvolver o Corcel, o primeiro carro de tração dianteira fabricado no Brasil. O projeto começou em 1967, dois anos antes do Renault 12 estrear na Europa, e estava pronto para ser fabricado quando a Ford do Brasil comprou a Willys.
A Ford decidiu lançar o Corcel como seu próprio modelo, com algumas alterações estéticas. O carro foi um sucesso imediato, vendendo mais de 2 milhões de unidades no Brasil.
Peugeot 309
O Peugeot 309 foi originalmente concebido pela Talbot, uma marca francesa que foi adquirida pela PSA Peugeot Citroën em 1978. O carro foi projetado para substituir o Talbot Horizon, mas a PSA decidiu encerrar a marca Talbot em 1986.
Com isso, o 309 foi lançado como um Peugeot, com algumas alterações no design. O carro foi um sucesso na Europa, vendendo mais de 1,2 milhão de unidades.
Lancia Beta Monte-Carlo
A Fiat queria substituir seus esportivos 850 Coupé e 124 Coupé no final dos anos 1960, mas o caminho que escolheu foi tortuoso. Tanto a Bertone quanto a Pininfarina foram encarregadas de criar sucessores adequados de motor central.
A Pininfarina criou o X1/20, um carro de dois litros de duplo comando no cabeçote. O carro foi aprovado para lançamento em 1974, mas atrasos imprevistos resultaram em uma mudança de identidade. Quando o modelo de produção foi apresentado em Genebra, em 1975, ele se tornou um Lancia.
O carro recebeu o nome Beta Monte-Carlo, apesar de compartilhar pouco com os outros Beta.
Volkswagen K70
O Volkswagen K70 foi o primeiro modelo de tração dianteira, resfriado a água e com tração dianteira da marca. O carro foi desenvolvido pela NSU, uma empresa alemã que foi adquirida pela Volkswagen e pela Audi em 1969.
O K70 estava pronto para ser lançado em março de 1969, mas a Volkswagen e a Audi decidiram de última hora que a NSU não poderia ir ao baile. Os executivos estavam aparentemente “preocupados” com o fato de a fábrica da NSU em Neckarsulm não conseguir lidar com a demanda prevista para o modelo.
Em vez disso, a Volkswagen transferiu toda a linha de produção para a nova fábrica de Salzgitter e adiou o lançamento até agosto de 1970. O carro foi lançado como o VW K70, idêntico em todos os sentidos ao original desenvolvido pela NSU, exceto pelo emblema da VW na grade e pelos logotipos da NSU ainda visíveis em outros lugares. A Volkswagen também cancelou a perua K70, já pronta para a produção, temendo que ela prejudicasse as vendas da 412 Variant que ela já vendia (e que era inferior ao novo modelo).
Fiat Uno
O Fiat Uno foi um dos carros mais populares do Brasil e da Europa, mas poucos sabem que ele foi originalmente concebido pela Lancia.
O projeto, que recebeu o codinome Tipo 146, começou no início dos anos 1970 como um substituto para o Lancia Fulvia. No entanto, a Lancia estava passando por dificuldades financeiras e não tinha os recursos para desenvolver o carro sozinha.
Em 1975, a Fiat adquiriu a Lancia e assumiu o projeto do Tipo 146. O carro foi lançado na Europa em 1983 como Fiat Uno e se tornou um sucesso imediato, vendendo mais de 5,5 milhões de unidades em todo o mundo.
O Uno foi um carro inovador para a época. Ele tinha um design moderno e aerodinâmico, além de ser o primeiro carro da Fiat com tração dianteira. O carro também foi elogiado por sua economia de combustível e confiabilidade.
O Uno foi um sucesso no Brasil, onde foi lançado em 1984. O carro foi produzido no Brasil até 2013 e se tornou uns dos carros mais vendidos da história do país, com mais de 4,5 milhões de unidades vendidas.
As mudanças de paternidade na história automotiva são sempre interessantes de se analisar. Elas podem ser resultado de uma série de fatores, como aquisições de empresas, dificuldades financeiras ou simplesmente mudanças de estratégia de marketing.
Independentemente do motivo, essas mudanças sempre deixam uma marca na história da indústria automotiva. Elas nos mostram que o mundo dos carros é dinâmico e sempre em constante mudança.